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Doença de Parkinson

O que é?

 

 A doença de Parkinson (DP) é a segunda doença neurodegenerativa mais frequente na população mundial. Chamamos de doenças neurogegenerativas àquelas onde ocorre perda progressiva de células do sistema nervoso. No caso da DP, algumas áreas do cérebro são particularmente afetadas por esta perda de neurônios, por exemplo, as células produtoras de uma substância chamada dopamina que, dentre diversas funções, apresenta um papel importante no controle dos nossos movimentos. 

 

Aspectos Históricos

 

A descrição da doença que hoje conhecemos por doença de Parkinson pode ser encontrada em textos antigos de vária civilizações, tanto na Ásia, assim como no Oriente Médio e Europa. Há relatos Indus, que datam de 5000 A.C., descrevendo a "Kampa Vata", com sintomas muito semelhantes aos da DP e em cujo tratamento  era empregada uma leguminosa  que contém uma substância com ação dopaminérgica, hoje disponível em fármacos bem mais potentes, sendo uma das principais drogas utilizadas na DP desde a década de 70. Em 1817 o médico inglês James Parkinson publicou a descrição clássica da DP em seu livro "An Essay on the Shaking Palsy". 

 

Baseando-se em alguns de seus pacientes e em pessoas que observava nas ruas de Londres,  Parkinson  descreveu características comuns a eles tais como as alterações da marcha, postura, lentidão e tremor. Mais tarde, a doença receberia o seu nome por intermédio do neurologista francês Jean-Martin Charcot  o qual, juntamente com Alfred Vulpian, estudou a doença em detalhes. Charcot propôs que o termo "paralisia agitante", até então utilizado, fosse substituído por Doença de Parkinson.

 

Qual é a causa da Doença de Parkinson?

 

 A DP é considerada uma doença de padrão complexo, ou seja, na maioria das pessoas não existe um único gene responsável pela mesma, mas haveria centenas ou milhares de genes com pequenos efeitos que, quando somados e associados a fatores ambientais, propiciariam o aparecimento da doença. 

Vários genes associados à DP já foram descobertos, mas as formas famiiares da doença (onde várias pessoas na mesma família têm DP) são raras, ou seja, se uma pessoa tem DP não quer dizer necessariamente que seus filhos também terão a doença.

A importância dos estudos genéticos é que eles vêm possibilitando a descoberta dos diversos mecanismos biológicos envolvidos na doença, o que poderá levar, no futuro, à descoberta de tratamentos mais eficazes. 

Durante a avaliação clínica, é sempre importante investigar se o paciente está tomando medicações que possam dar sintomas da doença de Parkinson. Em alguns casos, a suspensão desses medicamentos pode levar ao desapareciento dos sintomas (parkisnonismo medicamentoso). 

 

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A fisioterapia é parte integrante do tratamento da doença de Parkinson, aumentando muito a qualidade de vida e autonomia dos pacientes. 

Características Clínicas

 

Idade de início: a DP é mais comum a partir da quinta década de vida, mas pode acometer pessoas em qualquer faixa etária, inclusive antes dos 21 anos, sendo conhecida como DP juvenil. 

 

Sexo: é ligeiramente mais prevalente no sexo masculino.

 

Sintomas motores: o início  dos sintomas é assimétrico, ou seja, começa de um dos lados do corpo, e pode demorar meses a mais de uma ano para acometer o outro lado.

A DP é caracterizada pela bradicinesia (diminuição da amplitude e da velocidade dos movimentos) e, pelo menos, mais um dos seguintes sintomas:
Tremor: geralmente em repouso, amplo, mais comum nos braços ou nas pernas, podendo acometer outras partes do corpo.
Rigidez: na DP, a rigidez é diferente daquela mais comum vista, por exemplo, em pacientes que tiveram derrame, quando o paciente tende a adotar posturas fixas. Na DP, observamos a chamada rigidez em roda denteada, ao mobilizarmos o braço do paciente, observamos que a rigidez alternadamente cede e retorna ao longo do movimento, lembrando as rodas de uma engrenagem.
Alteração do equilíbrio postural:  É caracterizada pela tendência a quedas.
Estes são os principais sintomas motores, mas a intensidade dos mesmos varia muito de pessoa para pessoa. Alguns pacientes podem ser mais lentos ou rígidos, em outros predomina o tremor.


Com o passar dos anos,  o paciente pode apresentar uma postura característica, com o tronco inclinado para frente, pequenos passos ao caminhar, hesitação ao iniciar a marcha ou ao mudar de direção.
Observa-se também diminuição da expressão facial, diminuição do volume da voz e, eventualmente, dificuldade para articular as palavras.


É importante ressaltar que os sintomas são variáveis, alguns pacientes podem nunca vir a apresentá-los, ou podem tê-los de forma discreta.

 

Além dos sintomas motores, uma série de sintomas não motores pode ser observada, como diminuição da olfação, depressão, dificuldades para urinar, etc. 

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A cirurgia de estimulação cerebral profunda (DBS) pode ser indicada para casos específicos de doença de Parkinson. 

Tratamento

 

O tratamento farmacológico é voltado predominantemente para os sintomas motores, sendo feito à base de diversos fármacos, que visam melhorar a transmissão dopaminérigica.  No entanto, é importante o manejo adequado dos sintomas não motores, para os quais o arsenal terapêutico varia caso a caso. 

 

Para alguns casos bem selecionados, o tratamento cirúrgico pode ser uma opção, desde que não haja contraindicações e que o paciente, mesmo otimizado do ponto de vista famacológico, ainda tenha perspectivas de melhorar mais mais ainda com a cirurgia. É importante ressaltar que a cirugia, além de não ser isenta de riscos, não cura e nem impede a progressão da doença, daí não ser indicada para todos os casos.  Hoje o procedimento mais empregado é a estimulação cerebral profunda de alvos específicos, como o globo pálido, o tálamo ou o núcleo subtalâmico.

 

A atividade física, preferencialmente feita sob orientação do médico e do fisioterapeuta, é de extrema importância para o manejo das dificuldades motoras e para a prevenção de complicações ortopédicas, além de trazer benefícios cognitivos.  É importante que o paciente mantenha a sua autonomia para as atividades de rotina, e o exercício físico é uma poderosa ferramenta para conquistar a mesma.

 

terapia ocupacional também pode auxiliar o paciente a manter sua autonomia, fornecendo ferramentas e adaptando o seu ambiente para que execute as tarefas diárias de forma funcional e eficiente.

 

A Fonoterapia  auxilia na melhora do volume da voz, na articulação da fala e nos eventuais problemas para deglutição.

 

Sempre que necessário o acompanhamento psicológico também deve ser feito, tanto para a orientação do paciente como de sua família.

 

O mais importante, é que a pessoa se mantenha ativa, do ponto de vista físico e intelectual, pois esta atitude traz grandes benefícios para a qualidade de vida.



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